Blog de Otto Nogami

Prematuramente a campanha presidencial já levanta questões econômicas defendidas pelos eventuais candidatos. Ontem veio à tona a questão do tripé da economia, ou seja, a geração de superávits primários nas contas públicas, regime de câmbio flutuante e perseguir metas para a inflação. Segundo a presidente, em resposta à Marina Silva, este tripé econômico nunca foi abandonado.

 A geração de superávits primários nas contas públicas é primordial para o pagamento dos juros da dívida interna, bem como para a amortização de parte da dívida, que é feito com o chamado superávit nominal. O resultado primário se obtém deduzindo-se da arrecadação total todos os dispêndios realizados pelo governo. Do saldo remanescente, pagam-se os juros da dívida interna, o que gera o resultado primário. Para alcançar esse superávit primário o governo tem utilizado de artifícios contábeis, gerando receitas como antecipação de recebimento de lucros de suas empresas. A pergunta que fica no ar é: como o governo conseguirá fechar suas contas, sem aumentar ainda mais a dívida total do governo?

 O regime de câmbio flutuante, também conhecido como câmbio flexível, pressupõe que a taxa é determinada pelo mercado, por meio da oferta e da procura por divisas estrangeiras, sem nenhuma intervenção do Banco Central. Em setembro passado o próprio presidente do Banco Central declarou publicamente que o Bacen manterá o programa de intervenções regulares no mercado, com ofertas diárias de contratos de swap cambial (para compra de dólares a futuro) de 55 bilhões de dólares até o final do ano como forma de sustentar o real, contrariando opiniões que projetavam uma desvalorização mais forte da moeda nacional. A pergunta que fica no ar: não seria interessante para o setor exportador da economia brasileira um real mais desvalorizado, o que poderia favorecer a balança comercial brasileira, e estimular a produção doméstica tornando o produto importado mais caro?

 Perseguir a meta de inflação que está em 4,5%, admitindo-se um desvio de até 6,5%. Estar na meta da inflação é estar o mais próximo possível dos 4,5%, e não próximo do máximo de desvio admitido. Nos anos recentes observa-se que a inflação está sempre mais próxima do limite máximo. Isto se dá pelo fato do potencial de demanda do mercado estar muito além da capacidade de produção do país. Na realidade a pressão sobre os preços da economia surge naturalmente por falta de investimentos para adequar ou expandir as condições de produção do país. A pergunta que fica no ar: com o aumento real de renda das famílias brasileiras, associado aos insistentes programas criados pelo governo que estimulam o consumo das famílias, de que forma o governo pretende controlar o processo inflacionário?

Comentários recentes

16.01 | 09:04

Gostaria de agradece-lo por sua ótima didática, estou muito feliz em ler seu livro Economia e Mercado. Sou seu aluno da Unifacvest. Obrigado Professor.

24.05 | 19:48

Boa tarde Sr. Otto. Hoje vi sua entrevista no canal REDETV. Você explicava sobre as consequências do coronavírus em nossa economia. Prazer em conhece-lo.

20.04 | 17:00

Grande Elazier!
Como você está? Tudo tranquilo nessa fase de coronavirus?
Anote meu e-mail: nogami@uol.com.br

20.04 | 16:59

Caro Ivo, boa tarde!
Entre em contato comigo pelo e-mail nogami@uol.com.br